Estou morando sozinha há exatos 2 meses. Desses 60 dias, em 8 eu estive mal, mal pra caramba, mal ao ponto de quase pedir pra sair.
Nos outros 52 eu fiquei bem, estive sozinha comigo e com os meus pensamentos que insistentes chegavam a todo momento. Nessas idas e vindas de pensamentos e reflexões, percebi o quanto eu precisava ficar só. O quanto meu eu pedia por isso e eu não ouvia. Eu precisava de um tempo. Tempo do mundo, tempo das pessoas, tempo do que não era bom pra mim.
Na ausência da tv eu me ligava e conversava comigo mesmo sobre o quão grande eu era para as coisas pequenas que me tiravam a paz diariamente. Na ausência da presença de alguém, eu via o quão boa minha companhia verdadeiramente era pra mim. Na ausência do meu guarda roupas, eu percebia quantas coisas desnecessárias eu guardei pra mim. E as joguei fora ali mesmo.
Me conhecer tem se tornado cada dia um aprendizado incrível. Minha personalidade permeia as paredes do meu apartamentinho e quem quer que chegue se sente abraçado, porque ele irradia a minha luz, de felicidade.
Na falta de móveis bonitos e cadeiras, a gente ocupa o chão e conversa por horas. Na certeza de que quando esse tempo acabar, eu terei de novo o meu tempo de pensar em mim. De olhar os rachados aqui dentro, e conserta-los um a um. Sem pressa. Apenas concertando um de cada vez.
Na ausência, eu me sinto cada dia mais forte, cada dia melhor quando olho no espelho. Nos momentos de silêncio eu percebo o quanto gosto da voz do meu pensamento. Nos momentos de carência, eu percebo o quanto sou completa. E me amo.