Quantas vezes escutei isso nos últimos anos. Quantas vezes me disseram o que era melhor para o meu cabelo, quantas vezes eu ignorei completamente. Quantas vezes eu alisei depois de escutar isso?
A transição capilar me ensinou tanto! Me ensinou a ser feliz mesmo quando meu cabelo parecia ter passado por um furacão. Porque ele teria passado pelo furacão cacheado e saído dele CACHEADO. Olha que coisa boa, não ter que me preocupar se vai chover ou se eu terei que entrar em uma piscina com algum desconhecido e mostrar que na verdade aquele cabelo que ele viu antes, não é nada do que ele verá depois do banho.
Decidi entrar na transição capilar depois que meu ex namorado falou que meu cabelo cacheado era bonito e que eu poderia pensar em usar mais ele assim. Foi a força que faltava pra mim. Foi aí que eu finalmente tomei coragem e decidi conhecer meu cabelo.
O que me deu força pra continuar durante todo esse tempo foi uma coisa muito importante: não me importar com o que ninguém falava pra mim. Podia tá o uó. Mas eu iria acabar essa transição e descobrir de fato o que meu cabelo era. E to assim até hoje.
Tô no final da transição e vou te dizer: Que orgulho! Meu cabelo ainda tem parte lisa, tem parte muito cacheada e tem umas partezinhas onduladas. É uma mistura. E eu aceito. Todos os dias.
Se no fim eu não gostar do resultado, vamos ver o que vai rolar. Só sei que além de gostar dele natural, ele ficou 1000 vezes mais saudável e parou de cair como antes. Sabe a sensação de “porque eu não fiz isso antes?”, tenho ela sempre.
Mas nem tudo são flores. Ia ser lindo se fosse, mas as coisas também saem de controle. As pessoas também conseguem ser malvadas ou até mesmo “ingênuas” demais em suas opiniões. Principalmente no começo da minha transição o que eu mais ouvia falar era o famoso “preferia liso”, ou até o “cê não arrumou o cabelo hoje não?”. Típico.
Era nessas horas que eu queria desaparecer ou só escovar tudo de novo e fingir que nada aconteceu. Que eu não mostrei esse cabelo para mais pessoas e que ninguém chegou a comentar nada disso comigo. Mas eu dei a minha volta por cima de todas as formas. Eu realmente dizia todos os dias que seria melhor no dia seguinte, que meu cabelo não ia ficar tão horripilante e que as pessoas não iriam mais falar. Mas continuou acontecendo, e acontecendo. Durante meses.
Eu resolvi tudo isso conversando. Conversando com cada uma dessas pessoas. Falando o que eu estava fazendo, o momento que eu estava passando e falando que eu contava com o apoio dela no intuito de entender o processo. E deu tudo certo.
Hoje eu me sinto tão bem! Com meu cabelo liso, definido, indefinido, cacheado, no coque pra disfarçar ou só solto fuá, que eu amo amo amo.
Esse processo me ajudou a me conhecer, a conhecer meus limites e a entender que a aparência até conta as vezes, mas só se a gente estiver feliz.
Dica: Assistam, por favor “A felicidade por um fio” e entendam um pouco do que é o universo de muitas cacheadas/crespas e porque o padrão do mundo é completamente fora do que é nossa realidade.